Buscando um destino mais nobre para seu Mercado Municipal, a prefeitura de Ponta Grossa, Paraná, lançou em setembro de 2021 um concurso nacional de projeto. O local, até então repleto de entulho e tapumes, será requalificado para receber 180 estandes comerciais, praça de alimentação e estacionamento. Em dezembro passado, o júri anunciou o Austral Studio, escritório liderado pelo arquiteto Henrique Wosiack Zulian e sediado em Curitiba, como vencedor do concurso.
Conheça a proposta vencedora, a seguir:
Do escritório: Desde o final dos anos 1980, sem merecer atenção dos governos, sufocado pelo eficiente modelo empresarial das grandes redes de supermercado e em razão também das mudanças culturais e comportamentais pelas quais a sociedade passou nos últimos anos, o antigo Mercado Municipal de Ponta Grossa foi perdendo a condição de referência comercial na cidade e há mais de 10 anos frequenta os noticiários como mais um problema a ser resolvido.
Mais importante que simplesmente solidificar uma nova e crua construção que abrigue as atividades de um mercado, precisamos entender onde o antigo edifício, ainda em escombros, errou e onde se quer chegar. Pensar num lugar especial, respeitoso com a cidade, gentil com seu entorno, que seja acessível e estimule o lazer e que seja agradável para com o usuário do lugar é mais do que simplesmente fazer arquitetura, é um ato básico de dignidade.
O mercado municipal é o mercado público da cidade. É um equipamento com história, baseado nas trocas, no cotidiano, no autêntico e no fresco. E é um equipamento que, ao mesmo tempo, deve se adaptar à novas realidades, o que não significa transformá-lo em um centro de compras sem identidade. Um mercado público não é um supermercado ou um shopping, é um espaço da cidade, é um cartão de visitas da gastronomia, do artesanato e de parte da cultura regional.
Logo, como critérios de projeto, buscou-se:
- A valorização e assimilação em projeto dos eixos de conexão da cidade
- O aproveitamento da topografia para colocar os estacionamentos abaixo de uma praça que se abre para a cidade e regulariza um chão público de eventos.
- Multiplicar o térreo: praça e mercado no mesmo nível, e ligações diretas entre os níveis.
- Implantar acessos amplos nas Ruas Comendador Miró e Júlia Wanderley e de conexão direta entre si, criando um espaço que funciona como uma continuidade dos passeios urbanos.
- Estabelecer comércios orientados à praça e à Rua Julia Wanderley que possam funcionar em horários independentes ao do mercado, trazendo assim mais vida à cidade, especialmente em períodos noturnos.
- A modulação e rigor estrutural e exequibilidade das soluções
- Uma setorização dos serviços para uma clareza funcional e espacial do projeto
- A totalidade: relações entre as partes do todo (estrutura, programa, acessos, entorno, cotas, espaço público, sustentabilidade, etc.) que resultem em uma expressão arquitetônica que seja uma síntese dessas partes.
- Uma releitura do antigo Arroio Pilão de Pedra, hoje canalizado, de forma a ser incorporado no desenho da praça
- Pensar no edifício sustentavelmente, desde a escolha de materiais até a utilização de mecanismos de economia de energia e água.
- Desenvolver o projeto pensando e seu bioclimatismo, na orientação correta para entrada e controle de luz e no aproveitamento dos ventos locais para a renovação de ar.
Ficha Técnica
Escritório: Austral Studio
Autor responsável: Henrique Wosiack Zulian
Colaborador: José Pedro Raccanello Servo
Projeto: Mercado Municipal de Ponta Grossa
Ano: 2021
Local: Ponta Grossa - PR
Status: Concurso
Tipo de projeto: Comercial/Cultural
Estrutura: Concreto armado
Materialidade: Concreto aparente, Alvenaria, Metal, Vidro